Eu
ainda me lembro de tudo. Sim, eu mudei de lado, evolui, mas as lembranças ainda
me perseguem. No torpor da noite é quando elas mais resolvem surgir. Quando meu
corpo está prestes a se entregar ao sono total, como uma pancada o seu rosto
vem em minha direção, com aquele sorriso cheio de dentes amarelados, mas que
consegue cegar-me os olhos mesmo estando no escuro. Com aqueles lábios que um
dia foi a fonte da minha insanidade. Com aquele olhar, ah, como esse olhar
ainda consegue invadir minha alma e percorrer minha mente, descobrindo meus
pensamentos mais impuros e obscuros...
Você
fez uma promessa, disse-me que voltaria. Não sei como, não sei por que, mas, eu
ainda lhe espero. O anseio que me invade tem sede do teu corpo, da tua pele,
desse teu olhar que arrepia os pelos de meus poros. E eu me pergunto, onde
andas? Ainda estas atrás de mim?
Odeio-me,
muito, por ainda permanecer nesse mundo doentio sem a tua existência. Odeio-te,
às vezes... Porque me abandonou? Eu quis ir com você, eu tentei. Mas a Morte, que
inveja todos aqueles que amam sem medo dela, não me levou, não me permitiu ir.
Eu batalhei contra ela, em uma tentativa em vão para me juntar a você, e hoje
só me restam as cicatrizes dessa inútil e desesperada tentativa de suicídio...
Mas eu fiz por amor, por você.
Ainda
espero o dia do seu retorno, e nesse dia nos entregaremos a esse amor, e eu
partirei com você, para viver na eternidade... Uma
eternidade só sua e minha, apenas você e eu.
(Istella L. Conder)
(Texto fictício)